E agora algo completamente diferente. Ou não.
Só para assentar o magnésio.
Não resisto a recomendar uma experiencia catártica, visual e espiritual sem paralelo no cinema actual. Não é 3D e no entanto tem mais dimensões que a própria vida. A origem da vida em paralelo com a própria origem e formação de um ser humano forjada nas dores do crescimento. Terrence Malick sabe que crescer é sofrer. Ficar entalado entre o amor maternal, desmesurado e incondicional, e a pressão – que não deixa de ser amor – paternal. Um ensina-nos a amar. “Love everyone. Love every leaf, every ray of light.”. Outro ensina-nos a resistir ao mundo agreste que nos espera. “I’ve just always wanted you to be strong, be your own man”. Ambos dão o melhor, o que têm e o que não têm, e ambos vivem para sempre dentro do saco de recordações em que se torna um adulto. Jack, adulto, sabe que a vida não é fácil, a ganância e a manipulação imperam na prisão de aço e vidro onde trabalha em contraponto com o chão de relva e o céu de árvores onde cresceu.
A simbologia das árvores é fortíssima, e não é por acaso a sua presença no título e a sua constância no filme. Desde os tempos imemoriáveis que são consideradas um elo de ligação entre os homens e os deuses.
Sem ser dogmático é um filme religioso no sentido em que a música de Mozart, por exemplo, também o é. E isso torno-o uma experiência única e sem paralelo. Se a música nos aproxima do divino, raríssimas são as imagens que por si só o conseguem. Num trabalho de montagem estonteante a música surge como uma aliada natural das imagens potenciando-as até um limite quase doloroso para nossos duros sentidos. Quando o filme acaba já estamos rendidos e queremos mais, mais poesia, mais vida.
Onde estão os deuses da nossa infância. O que somos nós para eles, ouve-se no início do filme. Expulsos do paraíso da infância, perdemos os primeiros deuses que conhecemos. Preces, perguntas e queixumes atravessam o filme, os adultos são prisioneiros da razão, daí que a personagem da mãe seja quase angelical, também ela uma árvore da vida, também ela um elo de ligação com o divino.
A árvore da vida é também a da morte, morte que está presente desde o início, servindo de ignição ao ténue eixo narrativo, enluta o filme com um sentimento de perda inabalável, acelerando, por exemplo no caso de Jack, o caleidoscópio das recordações.
Agustina Bessa-Luís disse uma vez: ” toda a mística é poética e nós vivemos numa época sem mística e, portanto, sem poesia”. Este filme, este objecto, poderá ser uma gloriosa excepção a essa sentença. Um meteoro destes só aparece de vez em quando e quando aparece deve ser visto numa sala de cinema, local para o qual foi feito. SM
fantástico…e o texto também!
Gostei muito do texto e do filme. Penso, também, que a mãe representa a Graça e o pai a Natureza (o animalesco). Duas facetas que todos nós temos e que ao longo da vida vão alternando de intensidade.
Bem hajas pelo teu texto
Um filme demasiado longo… sinto-me realmente muito ignorante… pois para mim foi um tédio…
Não aguento ver de novo… por isso fico-me pela recordação das imagens maravilhosas.
Concordo com a Maria. O filme é um tédio. Porcaria. Falsa filosofia e psicologia. O louco do diretor se perdeu tanto que até agora está procurandoo caminho de volta (nem mesmo encontrou o caminho receber a premiação). Acho falsidade intelectual querer fazer de conta que a história é superior, maravilhosa, sutil. A premiação, para mim, foi um jogo politicamente incorreto, um incentivo a que este maluco retorne à ação. Nada a ver.
Auch wenns knapp ist, aber ich hab die gesamte zweite Hbz nicht das Gefühl das wir das gewinnen werden. Norweger spielen das clever.