A Sender Films juntamente com a BigUp Productions , patrocinados pela Evolv e a Mountain Gear , lançaram uma nova série webtelevísiva: a Origins. O primeiro episódio foi lançado no Youtube de forma gratuita, não havendo garantias no entanto que os próximos seguirão o mesmo rumo. Esta nova série tenta focar a história da escalada fazendo a ponte entre duas gerações de escaladores, usando como elo de ligação uma via icónica.
O primeiro episódio leva-nos a Joshua Tree onde Chris Lindner, uma das primeiras crianças prodígio da escalada, tenta repetir uma via de Kurt Smith, um dinossauro da escalada americana com uma actividade marcante e prolífera do bloco ao Bigwall.
A via, um “horror show from the past”, nas palavras do próprio Kurt, foi aberta em 1988 desde abaixo e desde então ainda não vira uma repetição, muito por culpa de um bizarro movimento que mistura um mantle, um passo de ombro e um cruzamento. Uma maravilha da imaginação e contorção.
Esta série, tal como a Season já aqui apresentada, tenta assentar em pressupostos diferentes do tradicional vídeo de escalada centrado na acção. Assistimos à tentativa primitiva de introduzir um argumento. Objectivo mais conseguido na Season, série mais ambiciosa quer em termos de âmbito quer em termos de desenvolvimento emocional das personagens.
Na Origins, embora o argumento seja extremamente simples, é suficiente para constituir uma narrativa, centrada num conflito, o confronto de gerações, e sua resolução, o encadeamento da via.
A via é bem escolhida, e serve para firmar estereótipos de circunstância: nos anos 80 as vias eram placas com movimentos bizarros, que os escaladores novos actuais acham extra-duros e impossíveis de avaliar – nas palavras do próprio Lindner –.
Por outro lado o escalador novo, moderno se quiserem, é apresentado a fazer bloco, onde mostra algumas habilidades circenses. Mas serão suficientes para resolver o “ horror show”? Não tardamos em ver e perceber.
Temos assim, personagens bem definidas e os géneros de escalada bem contrastados, pois as imagens de bloco servem de contraponto perfeito à própria bizarria da via.
Ao nível da construção e fotografia o vídeo é exemplar e cumpre a função, de forma notória, de servir o argumento, sendo o decor, JoshuaTree, uma aposta ganha à partida.
A história da escalada é rica, e fornece histórias e épicos para todos os gostos, e tendo a escalada desportiva mais ou menos 30 anos, atingimos um momento em que varias gerações se cruzam e interagem, sendo por isso o timing para estas histórias mais do que perfeito.
Diz-se à boca pequena, isto é na net, que o próximo par será a Lisa Rands e Peter Croft, um estranho par. Será interessante ver que via servirá de elo de ligação entre os dois.
Na senda da Seasons, Webvideo de qualidade e grátis. SM