Banco de Ensaios

Um pouco de arrumação. A Página dos Vídeos está actualizada e tem informação relativa a cada vídeo. As Fotos estão actualizadas numa espécie de galeria. Acrescentamos uma nova página – REP – ou Recordações da Época Passada, onde serão publicados ou guardados textos que traduzem vivências no mundo da escalada e por ultimo a página, Banco de Ensaios, onde aperecerão criticas a material de bloco e escalada, livros e vídeos. E para começar uma crítica ao Progression, pelo nosso especialista em filmes de escalada, Filipe Carvalho:

progression

“O novo filme da Big Up productions, segue a mesma linha dos outros que ficaram para trás. Encadeamentos duríssimos atrás de encadeamentos duríssimos, que deixam qualquer um de boca aberta. Qualquer escalador fica fascinado quando vê o Daniel Woods a lançar para uma réglette inexistente e a ficar lá suspenso por apenas um braço. É daqueles movimentos impensáveis! Qualquer um gosta de ver o Sharma a escalar, aliás digam-me um filme da Big Up Productions em que ele não tenha aparecido.

Chris Sharma, Paul Robinson, Daniel Woods, Tommy Caldwell, Kevin Jorgeson, Patxi Usobiaga, etc. Que elenco de luxo! Sítios paradisíacos como as Rocklands na África do Sul, Bishop e Yosemite na Califórnia, Oliana e Siurana em Espanha, aguçam o interesse do mais incauto que, vendo estas aventuras e feitos acaba por ficar com água na boca e também quer um pedaço daquele bolo.

Temos rocha e temos plástico onde quem brilha é  Patxi Usobiaga. Sem qualquer  dúvida, um escalador biónico! Treinos super estruturados, completos e cientificos levam a uma nova geração de escaladores. Vê-se o papel da ciência no treino, e a vontade, motivação e esforço extremo aliados a um desejo de vitória. Mas na minha opinião, a frase proferida pelo mesmo, “Rock Climbing is easy, competitions are complex and intense”, esbarra no ridículo. Não tenho qualquer dúvida sobre a complexidade e intensidade de uma competição e existem movimentos que apenas podem ser criados na resina, mas a escalada em rocha nunca foi, nem nunca será fácil, esta frase simplesmente está invertida.

Como sempre  falta mostrar o trabalho que está por detrás disso tudo, o tempo que o escalador perde numa via. Esse trabalho só é verdadeiramente mostrado em filmes como o “Fanatic Search”, onde aparecem o Chris Sharma e o Dani Andrada a trabalhar uma via vezes e vezes sem conta, onde aparece o Sharma a trabalhar um único passo dias seguidos. Só aí temos uma certa noção de tudo o que está por detrás daquele escalador em especifíco.

No excerto do Tommy Caldwell – sem sombra de dúvida, um escalador perfeito  do bouldering à clássica – é  apresentada a via Mescalito, no El Captain, algo incrivelmente estético, e com toda a certeza duríssimo: Problemas de bloco, dinâmicos, lançamentos, réglettes invisíveis, atestam a  visão deste escalador de uma humildade impressionante. Por estes dias, o Tommy Caldwell uniu esforços com o  Kevin Jorgeson para tentarem libertar este projecto futurista, quem quiser pode  seguir a acção aqui. E, este último aparece no vídeo, mais destacadamente, no seu famoso bloco: Ambrosia. Um bicho de 15m, com um iníco entre o V11/V12 de réglettes  mínimas que levam a um hueco a 6m do solo. Problemas como este  normalmente acabam com um drop off, neste caso a decisão de seguir para cima confronta o escalador  com um solo de 7c+, numa zona onde a queda é proibida, introduzindo um novo conceito: O highball free solo e aqui podemos resvalar outra vez para a polémica do que deve ser ou não gravado, o que deve ser mostrado ou não. Ver o Matt Segal cair na Kaluza Klein e a bater no chão alimenta o desejo de perigo que muitos escaladores procuram. Mas, não terá isto uma repercussão mais grave e preocupante? As novas gerações que, a pouco e pouco começam a dar entrada no mundo da escalada, deixam-se fascinar por este tipo de filmes e fica sempre o pensamento “eu também consigo fazer aquilo!”. Ver o Alex Honnold fazer a Gaia em solo com uma certa “facilidade”, faz-nos acredita que, se calhar não é assim tão difícil.

Mas esta problemática leva-nos de volta ao post “Highballing ou Free solo?”, por isso, voltando ao filme pode-se dizer que a exploração das imagens, da luz, de novos ângulos, dos efeitos e da própria música, tornam-no muito especial, atribuindo-lhe uma qualidade excelente, como os filmes da Big Up Productions nos têm habituado. Mas, como já tinha referido, segue um conceito recorrente: Encadeamentos atrás de encadeamentos, linhas super duras sem mostrar o verdadeiro trabalho que está por detrás desse encadeamento e por último a exploração máxima da fama do escalador.

No geral, o filme não é mau, e a sua visualização é mais do que aconselhável”. Filipe Carvalho

 O Filme está disponível em DVD ou para  download em HD  no site da Big Up Productions.

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